quarta-feira, 3 de junho de 2009

Mec planeja ensino médio com 200 horas a mais por ano



O Ministério da Educação (MEC) planeja mudanças no ensino médio com a intenção de estimular as redes estaduais de educação a pensar novas soluções que diversifiquem os currículos. O objetivo é integrar os conteúdos com as atividades diárias, melhorando a qualidade da educação oferecida nessa fase de ensino e tornando-a mais atraente. Atualmente, o ensino médio tem a maior evasão da educação básica.

A proposta tem cinco questões a serem discutidas. A primeira é estudar a mudança da carga horária mínima do ensino médio para três mil horas – um aumento de 200 horas a cada ano. Outra mudança é oferecer ao aluno a possibilidade de escolher 20% de sua carga horária e grade curricular, dentro das atividades oferecidas pela escola.

Faz parte ainda da proposta a valorização da leitura e a garantia da formação cultural ao aluno. A mudança também inclui a possibilidade de os professores associarem teoria e prática, com grande ênfase nas atividades experimentais, como aulas práticas, laboratórios e oficinas, em todos os campos do saber.

Atualmente, o ensino médio é dividido em12 matérias (português, matemática, biologia, química, física, geografia, história, filosofia, sociologia, artes, educação física e língua estrangeira). A ideia do MEC é passá-las para grupos maiores: exatas e biológicas, línguas, matemática e humanas. As alterações atenderiam ao programa de estudo do novo Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), que pode substituir o vestibular tradicional nas universidades federais.

O ministério pretende que o Conselho Nacional de Educação (CNE) aprove as propostas até junho. As discussões começaram na última segunda-feira, dia 4. Aprovadas, o governo estadual decide se adere ou não ao novo currículo, que poderá ser adotado a partir de 2010. As escolas interessadas vão receber ajuda financeira para implantar a mudança. Até agora, o MEC tem recursos para financiar as cem escolas com as menores notas no Enem.


Repercussão
Para o diretor de Comunicação do Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação de Minas (Sind-UTE), Antônio Bráz, as mudanças são bem-vindas. Ele, entretanto, faz uma crítica ao governo. "O MEC deveria democratizar a informação e convidar toda a comunidade para participar dessa discussão, desde alunos, pais e professores até os auxiliares."

Segundo Bráz, a proposta pode gerar resistências de alguns professores para aceitá-la. "Os trabalhadores vão precisar receber curso complementar para aperfeiçoar o conhecimento à nova realidade de ensino."

Apesar de ainda não ter recebido uma formalização da proposta pelo governo federal, o diretor do Colégio de Aplicação João XXIII, José Luiz Lacerda, afirma ser a favor das alterações.

Assim como Bráz, Lacerda acredita que será preciso preparar os professores para a mudança. "Será necessário trabalhar com a formação continuada dos professores para que eles possam mudar a forma de ensinar, adequando-a para a nova perspectiva. Caso contrário, as mudanças vão ficar no papel."

Quanto à adesão para o próximo ano, ele diz que será um desafio, mas não descarta a possibilidade. "A implantação deve começar, mesmo com problemas. Se esperarmos o momento certo, pode acabar não ocorrendo. Temos que reconhecer os limites para a implementação em 2010." A Secretaria de Estado da Educação (SEE) ainda não se posicionou sobre a proposta do MEC.

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